Palavra e Vida com o pe. Amarildo Luciano – Sínodo da Amazônia: Novos caminhos para a igreja

Palavra e Vida com o pe. Amarildo Luciano – Sínodo da Amazônia: Novos caminhos para a igreja

31 de maio de 2021 0 Por redação

SÍNODO DA AMAZÔNIA: NOVOS CAMINHOS PARA A IGREJA

À luz das aulas do Padre Agenor Brighenti, meu professor do mestrado em Teologia, recordo o caminho sinodal que a Igreja da Amazônia realizou desde a convocação do Sínodo feita pelo Papa Francisco para a região da Pan-Amazônia que abrange nove países, vivenciado em diferentes etapas: preparação (tempo de escuta), realização da Assembleia Sinodal (Roma) e aplicação do Documento Final e da Exortação Querida Amazônia.

Tratando-se especificamente da Querida Amazônia, sem esquecer que esta exortação deve ser lida em continuidade com os três documentos que a precederam, o professor nos convida a refletir os quatro sonhos do Papa Francisco: sonho social, sonho cultural, sonho ecológico e sonho eclesial

Também os sonhos do Papa não devem ser lidos isoladamente, mas numa continuidade, considerando que eles resultam, como o próprio Papa afirma, da escuta atenta que os padres sinodais, peritos e auditores lhe proporcionaram nas Audiências Gerais e nos Círculos Menores.

A ênfase do professor Agenor, após resumir todo o processo sinodal, explicando a abrangência de cada sonho, como são chamados os capítulos da Exortação Querida Amazônia, é refletir a questão dos ministérios na Igreja, dando especial atenção aos leigos mormente às mulheres.

Para falar do sonho eclesial, é nos recordado que, durante o processo de escuta e também durante a Assembleia Sinodal, fomos encorajados a propor alternativas que ajudassem a Igreja na Amazônia a passar de uma Igreja que visita para uma Igreja que permanece. E não podemos deixar de dizer que de imediato surgiram propostas e pedidos de reconhecimento do papel dos leigos, especialmente das mulheres, na liderança das comunidades e animação da vida pastoral. A consequência foi a solicitação nada tímida de que a Igreja ordene presbíteros a homens casados reconhecidos pelas comunidades e lhes confira a formação e a autoridade necessárias para presidir as comunidades e celebrar a Eucaristia em espírito sinodal, evitando a clericalização dos leigos. E às mulheres, o Sínodo pediu que fossem ordenadas para o ministério diaconal (primeiro grau do Sacramento da Ordem).

A Exortação Querida Amazônia, porém, frustrou o sonho da Igreja da Amazônia. O Papa Francisco não falou diretamente sobre a ordenação diaconal de mulheres e nem sobre a ordenação presbiteral de homens casados, sendo chamado, por isso de uma mistura de sonho e de pesadelo.

Para os que sempre se opuseram ao Sínodo e se opõem ao Magistério do Papa Francisco, a Exortação Querida Amazônia foi uma resposta conciliadora (ou confusa) do Papa que não disse nas “linhas” nem “não” e nem “sim”, ficando a critério das nossas interpretações. E aí cada um interpreta conforme suas conveniências? Até pode ser que esteja sendo interpretada dessa forma. Ademais, estamos mesmo diante de um impasse difícil. Mas com certeza, ao incentivar que a Igreja proponha, como o Papa fez durante a preparação e durante a realização do Sínodo, ele parece nos encorajar a responder às necessidades reais que existem ao nosso redor.
O Sínodo, não obstante algumas falas contrárias, entendeu que não estaremos (estamos) criando nada novo, mas apenas voltando às origens da Igreja. A Igreja é desde a sua origem toda ela ministerial. E os ministérios nasceram das necessidades. Então, diante de novas necessidades, novos (não tão novos) ministérios!!