Expectativa marca reconhecimento oficial do Mosaico do Baixo Rio Madeira no III Workshop Nacional de Mosaicos de Áreas Protegidas

Expectativa marca reconhecimento oficial do Mosaico do Baixo Rio Madeira no III Workshop Nacional de Mosaicos de Áreas Protegidas

19 de fevereiro de 2025 0 Por redação

Evento conta com participação de cerca de 600 pessoas, presenciais e remotamente.

O III Workshop Nacional de Mosaicos de Áreas Protegidas, que acontece desde o último dia 18, no auditório do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), em Brasília, poderá chegar ao seu momento mais aguardado amanhã, 20 de fevereiro, com o reconhecimento oficial do Mosaico do Baixo Rio Madeira, que deverá ser formalizado pela ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, durante o evento.

Mesmo antes da oficialização, o Mosaico do Baixo Rio Madeira já vem se consolidando como um marco para a conservação da Amazônia. A trajetória desse reconhecimento inclui um processo colaborativo iniciado há dois anos, liderado pela Secretaria de Meio Ambiente do Amazonas (SEMA), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI), com apoio da WCS Brasil. Após oficinas participativas, envolvendo diferentes setores da sociedade, e a elaboração da documentação exigida pelo governo federal, o mosaico está prestes a se tornar oficialmente parte da Rede Nacional de Mosaicos de Áreas Protegidas (REMAP).

“O reconhecimento do Mosaico do Baixo Rio Madeira simboliza não só a proteção da biodiversidade, mas também a valorização das comunidades que vivem e preservam essa região. É a concretização de um esforço coletivo em prol da Amazônia”, destacou Márcia Lederman, gerente de conservação da WCS Brasil.

Angleice Batista Dias, moradora da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Igapó-Açu, localizada na área de influência da BR-319, enfatizou que a união de territórios contíguos fortalece o enfrentamento de problemas e desafios comuns. “Quanto mais gente gritando, quanto mais gente falando, mais direitos a gente consegue”, garantiu.

O Mosaico do Baixo Rio Madeira, com 2,4 milhões de hectares, integra cinco unidades de conservação estaduais, uma federal e duas Terras Indígenas, localizadas nos municípios de Manicoré, Beruri, Novo Aripuanã e Borba, no Amazonas. Essas áreas, que enfrentam desafios e oportunidades comuns, ganham agora um instrumento oficial para fortalecer a gestão integrada, garantindo o uso sustentável dos recursos naturais, o bem viver das populações locais e a manutenção dos serviços ecossistêmicos essenciais.

Para Marcos Pinheiro, um dos coordenadores da Rede Nacional de Mosaicos de Áreas Protegidas (REMAP), o reconhecimento do Mosaico do Baixo Rio Madeira reforça a importância do diálogo contínuo e da cooperação interinstitucional. “Esse é um passo significativo para a proteção dos territórios e das comunidades que vivem neles, e um exemplo inspirador para outros mosaicos no Brasil”, afirmou.

“A gente vem enfrentando alguns desafios, como mudanças climáticas, secas, invasões, pesca ilegal e outros. Esse mosaico nos traz ânimo e esperança”, garantiu Adrízio Salgueiro, jovem morador da Reserva Extrativista do Lago do Capanã Grande.

O III Workshop Nacional de Mosaicos de Áreas Protegidas tem mobilizado cerca de 600 participantes, presentes e virtuais, entre autoridades, lideranças indígenas, quilombolas, gestores de unidades de conservação, organizações não governamentais e representantes da academia e da sociedade civil. A programação inclui painéis temáticos, mesas de debate e rodas de conversa, com foco na compatibilização entre biodiversidade, sociodiversidade e desenvolvimento sustentável.

O evento será encerrado com a apresentação de um documento coletivo, consolidando as propostas discutidas durante o encontro e apontando caminhos para o fortalecimento das políticas públicas voltadas às áreas protegidas. A expectativa é que a oficialização do Mosaico do Baixo Rio Madeira impulsione novos avanços na conservação ambiental, reafirmando o papel fundamental do planejamento coletivo na conservação da sociobiodiversidade.

Fotos: Divulgação